domingo, 3 de julho de 2011

Estágio Urgência Pediátrica 4

No momento em que escrevo este reflexão faltam-me apenas e só 4 turnos para terminar o estágio. Já passaram 4 semanas e meia, todas elas muito intensas e espectaculares e o fim aproxima-se rapidamente, com muita pena minha. Mas em relação ao estágio em geral falarei na próxima e última reflexão.
Em relação a esta semana que passou, não tenho muito a dizer em termos específicos sobre algo que tenha acontecido fora do normal. Posso apenas falar de uma situação que ocorreu num dos turnos realizados, em que uma criança deu entrada na urgência com febres altas e dificuldade respiratória, até aqui tudo normal e habitual no dia-a-dia do serviço de urgência de pediatria. No entanto e após ter sido observada pela médica, a criança acabou por ter um pico febril repentino enquanto fazia aerossolterapia, o que lhe provocou uma convulsão febril tónico-clónica um pouco extensa, com sialorreia e movimentos de mastigação e ainda vómitos alimentares.
Do que me lembro, foi a situação mais grave que apanhei em estágio, a que levou a uma reacção rápida da médica e dos enfermeiros, para socorrer a criança. Foi correr para junto da criança, a enfermeira Cláudia ir a correr buscar o Diazepam para se administrar, eu e a médica a segurar a criança, administrar-se o Diazepam, esperar que a convulsão parasse, que o Diazepam fizesse efeito entre outras coisas.
Isto sim foi uma situação emergente, isto sim foi o que me levou a vir para a urgência de pediatria, isto sim me deixa completamente realizado, a prestação de cuidados de emergência, no momento, em situações de stress, isto sim é a minha maior paixão, a urgência da prestação de cuidados.
Desde o inicio do estágio que tenho vindo a observar certas e determinadas situações com as quais não posso concordar e que me incomodam bastante, mas como as mesmas não interferiam com o trabalho de enfermagem decidi não falar delas até hoje, apesar de pensar nas mesmas constantemente, mas que não vou ser capaz de não falar porque são situações que não consigo compreender por mais que tente.
As situações, como já referi, não implicam a área da enfermagem e sim a área médica. Desde o primeiro dia de estágio que alguns médicos, não todos, têm certas atitudes que não são dignas de pessoas que tem como função e objectivo ajudar e tratar crianças doentes e que necessitam de ajuda. Não acho normal que crianças que precisam de ser vistas por um médico tenham que esperar duas e três horas até serem observadas e enquanto isso os médicos estão sentados a conversar ou então vão ao bar ou fazer o que bem entendem, quando a função deles é estarem a observar crianças que necessitam de ajuda.
Assim como não sou capaz de compreender que um médico entre de turno às 21h, entre e saia do serviço e só volte a aparecer depois das 22h, com muitas crianças em espera para serem observadas. Como também não compreendo que às 22h quando chega, em vez de começar a observar as crianças que se encontram à espera há muito tempo, comece a observar crianças que são seguidas por si no seu consultório particular e que manda vir ao hospital no dia em que se encontra de serviço, que assim que chegam são logo observadas, enquanto as outras esperam uma eternidade.
Observei várias vezes isto, verifiquei que os enfermeiros não toleram nem estão de acordo com estas situações, que fazem de tudo para que as mesmas não aconteçam, mas infelizmente tudo fica na mesma, porque infelizmente, neste país onde vivemos, os médicos são intocáveis e consegue ter sempre a razão do lado deles, por mais que não a tenham, conseguem passar impunes.
Eu sei que isto não me diz respeito, muito menos como aluno, mas felizmente, sou uma pessoa com sentimentos, que tem e sempre teve como principal objectivo de vida, ajudar quem necessita de ajuda, como tal sou incapaz de ficar calado a ver este tipo de situações, a ver a frieza com que certos médicos lidam com os doentes, seja em que situação for.

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