quarta-feira, 23 de março de 2011

Estágio Obstetricia 1

Já vou na 4ª semana de estágio e tem passado a correr. Esta semana foi uma semana calma em termos de situações diferentes das que tenho referido nas reflexões anteriores. Todos os turnos foram bastante calmos, um deles então calmo demais, visto que tinha apenas 6 puérperas no serviço, sendo que 4 delas tiveram alta nessa manha.

Apesar de ter sido uma semana calminha, houve uma situação que me despertou bastante interesse. Num dos turnos, houve uma das enfermeiras especialistas que teve que sair mais cedo e a outra encontrava-se na sala de partos. Por esta razão e por se ir realizar uma cesariana no bloco operatório, a minha Enfermeira Perceptora ficou responsável por efectuar o acompanhamento desse parto. Sabia disso mas sempre pensei que a Enfermeira se deslocaria ao BO para acompanhar a cesariana e que eu me iria manter no serviço a acompanhar as puérperas.

No entanto, pelas 15h30 a Enfermeira chamou por mim e referiu que tínhamos que ir para o BO para efectuar o acompanhamento do parto. Fiquei surpreendido porque pensava que não iria, mas assim que a Enfermeira me chamou levantei-me da cadeira com uma rapidez tremenda, tal não era o meu entusiasmo em ir assistir a um parto por Cesariana, que nunca tinha assistido e desconhecia na prática como se realizava.

Fomos para o BO, fardei-me a rigor e lá fui assistir ao parto. Agora vem a parte que me surpreendeu mais. Pelo que se ouve falar diariamente, um parto por Cesariana é menos doloroso para a mulher, no entanto não foi a isso a que assisti. Apesar de a grávida ter levado uma analgesia epidural e continuar a referir dores assim que a Obstetra iniciava os procedimentos, apesar de essa analgesia ter sido reforçada mais do que uma vez, a grávida continuou a sentir dores durante o parto em praticamente todos os procedimentos que eram realizados.

Esta situação marcou-me e deixou-me apreensivo o que me fez pensar bastante na situação. Na minha opinião na percebo o porque de realizarem tantas cesarianas hoje em dia, muitas delas sem justificação, visto que muitas grávidas têm condições para terem um parto normal e porque a mortalidade e morbilidade materna e fetal é mais elevada nos partos por cesariana. Sei que muitas grávidas optam pela cesariana porque supostamente as dores são menores do que um parto normal, mas pelo que assisti neste parto específico e pelo que outras puérperas de cesariana me têm referido, esta situação não passa apenas de um mito. Vi bem como é doloroso para a grávida, um parto por cesariana e o que elas sofrem no referido parto, com apertões e puxões na zona abdominal, que não eram a mim, mas que me custaram bastante. Acho que muitas das grávidas, se sofressem o que esta sofreu, nunca mais optariam por realizar um parto por cesariana.

Na minha opinião uma parto normal, por mais dores que cause, é sempre mais bonito e mais real para a mãe, visto que sente e vê o seu filho a nascer, enquanto que, numa cesariana a mãe nem o seu filho vê a nascer, vê o mesmo apenas depois, quando este já se encontra ao colo do obstetra e já nem se encontra ligado à mãe pelo cordão umbilical.

Falo por mim, um dia mais tarde em que venha a ser pai, a primeira coisa que farei é convencer a minha mulher, caso seja necessário, a não realizar um parto por cesariana.

Outra parte que me deixava curioso era os cuidados efectuados ao RN imediatamente após o parto. Vi esses cuidados com muita atenção e verifiquei o quanto são importantes para o bem-estar do RN. Surpreendeu-me um pouco a rapidez com que a Enfermeira realizou os mesmos, mas também é normal, visto que a mesma já tem bastante experiencia, ao contrário de mim.

Ao realizar esta reflexão, dei-me conta que a 4ª semana de estágio já terminou e já estou na 5ª semana, o que quer dizer que o estágio se está a chegar a passos largos do seu términos, o que me deixa um pouco triste por um lado, porque está a terminar um estágio que estou a gostar bastante, mas feliz por outro porque me senti bem recebido e muito bem integrado numa excelente equipa que me proporcionou a realização de um bom estágio e de ter lidado com uma realidade que desconhecia por completo e que me deixou muito realizado e que contribuiu também para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

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