quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Estágio Cardiologia 2

Depois de uma primeira semana de adaptação ao serviço, nesta segunda semana já me senti completamente adaptado e integrado no serviço e mais propriamente na equipa de Enfermagem. Na primeira semana tive logo a noção de ter sido bem recebido, mas com o passar dos dias vejo que toda a equipa de Enfermagem se preocupa com os alunos que se encontram em estágio, visto que para além me ajudarem quando peço ajuda, também tomam a iniciativa de perguntar se necessito de ajuda em alguma coisa, assim como me ensinam e dão dicas sobre algumas técnicas.

Como exemplo do que acabei de referir tenho o caso em que havia um doente para puncionar e a Enfermeira Esperança se ofereceu de imediato para me acompanhar nessa punção, visto que a Enfermeira Ana Raquel se encontrava ocupada com um dos seus doentes. De referir que a Enfermeira Esperança me explicou e deu dicas em relação às punções periféricas, para que estas sejam mais fáceis de efectuar e causem o mínimo transtorno tanto para o paciente, como que para o Enfermeiro.

São situações como esta que mostram que os Enfermeiros no serviço se preocupam todos com os alunos e não apenas o Enfermeiro preceptor e isso é uma grande ajuda para que a nossa integração seja realizada na totalidade e o mais rapidamente possível.

Em relação ainda à Enfermeira Esperança, fiquei um pouco surpreendido com esta, visto que a mesma punciona a maior parte dos utentes sem usar garrote. É nestes casos que se vê que a experiência adquirida ao longo dos anos conta muito no trabalho de Enfermagem. Nem sequer imaginava que isso seria possível.

No caso das punções, esta semana efectuei várias punções. Umas correram melhor e outras não tão bem, em parte não por minha culpa, visto que as veias do doente “rebentavam” com facilidade, mas mesmo assim foi uma situação que me deixou um pouco frustrado visto que é uma técnica que tento aprimorar para que corra cada vez melhor e naquele caso não correu nada bem. Mostrei essa minha preocupação com a Enfermeira Ana Raquel, mas a mesma disse-me para não me preocupar visto que por vezes as coisas não saem sempre logo a primeira como desejamos, por vezes até nem somos capazes de puncionar o doente e que naquele caso eu estava a realizar bem o procedimento, no entanto as veias do paciente é que não aguentava e acabavam por “rebentar”. Após a explicação da Enfermeira Ana Raquel fiquei menos preocupado e preparado para voltar a realizar o procedimento.

Ainda em relação a técnicas, efectuei pela primeira vez uma preparação para cateterismo, efectuando a tricotomia do paciente. Foi a primeira vez que o fiz mas penso que a mesma correu bem e não tive qualquer tipo de dificuldades.

Durante esta semana que passou houve uma situação que me marcou bastante. Tinha iniciado o turno há pouco tempo e encontrava-me na sala de Enfermagem a efectuar a preparação da medicação quando a Enfermeira Esperança me disse para ir à UCIC visto que havia uma emergência e assim poderia observar os procedimentos a realizar. Assim fiz, desloquei-me à UCIC e verifiquei que o utente apresentava tamponamento cardíaco, já tinha tido paragem ventilatória e encontravam-se a drenar o sangue acumulado no pericárdio, assim como a administrar a toda a medicação necessária. Como estava muita gente na UCIC, eu e a Enfermeira Ana Raquel voltamos à Enfermaria. No entanto pouco tempo depois voltei à UCIC e assim que entrei verifiquei que o paciente já se encontrava em paragem cardiorrespiratória, estando uma Enfermeira a efectuar suporte básico de vida. Esta situação manteve-se durante 30 minutos até que foi declarado o óbito do paciente. É uma situação que marca e impressiona, apesar de não conhecer o paciente. No entanto o que mais me custou foi o facto do filho se encontrar à entrada do serviço e se aperceber de tudo o que se estava a passar, de se aperceber que o pai não se encontrava nada bem e posteriormente que o pai tinha acabado de falecer. Não é fácil lidar com uma situação destas, visto que somos nós, enfermeiros que damos apoio aos pacientes e seus familiares, como foi este caso, em que o médico apenas comunicou ao filho do paciente que este tinha falecido, tendo sido os Enfermeiros que se encontravam no serviço a prestarem todo o apoio psicológico possível nesta situação, visto que o filho do paciente encontrava-se completamente em estado de choque, sem saber que fazer, pensar ou dizer. Apesar de não estar directamente envolvido no apoio ao filho do paciente, segui esta situação de perto e vi todo o apoio dado pela equipa de Enfermagem. Esta é uma das razões que me deixa orgulhoso da profissão que escolhi, pois nos momentos maus, que ficam junto de quem precisa somos nós Enfermeiros, somos nós o ombro amigo, somos nós o suporte para quem necessita de apoio.

De referir que o resto deste turno já não foi igual ao habitual, o que é natural perante o que aconteceu e porque as emoções foram muitas.

Assim terminou a 2ª semana de estágio, não da melhor forma que gostaria, mas da forma que era possível. O que de bom tirei desta situação, foi o facto de me orgulhar cada vez mais da minha futura profissão, dos excelentes Enfermeiros que este país possui e a quem por muitas vezes se dá pouco valor.

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